quinta-feira, 30 de junho de 2011

Segunda carta à minha querida Marianne

[Retirado do livro "Para a morte e glória de Johannes Mansure" (MANSURE, Dreyc. 1881 - Capítulo XI "Nós"]

“Desculpe este papel com esta ornamentação ridícula, mas é o único que pude encontrar nas redondezas depois que parti da vila de St. Paul. Acredito que a´única menção que lhe prestará auxílio no momento, depois daquela primeira carta, é que, ideologia incerta, seja ela qual for; bandeira alguma – não importando quão nobre seja – irá seguir como amor. Pois o amor é vivido, e não é possível viver com um sonho pelo outro. Longe de mim, estou cá querendo ser individualista. Ideais de teu modo de viver – e que envolvem tal nível de política – seria este uma coisa notável. Ideais utópicos do modo de viver dos outros jamais se tornaria amor. Um amor verdadeiro. Um amor sincero. Convenhamos, estaria muito mais para vício.

Digo tudo isso, pois sempre repreendi as civilizações tais ditas como opressivas e julgava uma sociedade inteira pelo ato de uma ou duas, e destas, que jamais teriam entrado ao poder. Observo agora meus atos de que, uma cultura como a nossa, com apenas 500 anos de vivência, jamais poderia entender a complexidade empirista das quais estes mencionavam, com mais de milênios de existência. Não que não haja civilizações aqui no Egito e Oriente Médio que não possua sua opressão, mas julgava por atos de entender que Honra nos países orientais significa algo completamente diferente. Não é apenas um Orgulho. Não entendo até hoje, mas está muito além dos meus pensamentos, e isto não seria desculpa, pois nem todas as pessoas são alienáveis tão facilmente, pois então, haveria revolução, e está longe de ser comodidade.

No entanto, eu, Johannes, jamais teria gostado de românticos, embora nunca tivesse advertido a ninguém. A Arte é pressuposta para ser criada e não sentida em seu autor. A Arte lhe causa atração e, como todos sentem o mesmo, lhe tornaria banal. A Arte explora o inexplorado humano, circunda o escuro e se adentra nele. Jamais aquilo seria verdade, mas sempre aquilo seria confortável. Pois seria inexplorado, e o inexplorado é sedutor a ele. A ele não, a nós. A arte deveria ter um tempero a mais, embora os românticos tornem-na mais precisa e exata, elas a tornariam mais banais, e caminharia até que estes descrevessem tudo. Todos os sentimentos, generalizando-os. E jamais poderíamos generalizar tal coisa como teus olhos, Marianne. “

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